Liderança silenciosa de Juan é trunfo para o Inter contra a Chapecoense
Aos 36 anos, com contrato até 31 de dezembro, permanência do zagueiro no Beira-Rio é uma incógnita

É com a experiência e a liderança de Juan que o Inter se inspira para retornar de Chapecó com resultado positivo no Brasileirão. Ao lado de Paulão, o zagueirão vai encarar um tarefa indigesta: afastar o fantasma dos 5 a 0 sofridos pelo Inter na última vez que visitou a Arena Condá. O olé que o Inter ouviu ao final daquele jogo ainda retumba na cabeça dos colorados.
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Aos 36 anos, com contrato até 31 de dezembro, sua permanência no Beira-Rio é uma incógnita. Ele estaria em conversas avançadas com a direção do Flamengo para retornar ao clube que o lançou ao futebol. Encerraria na Gávea a carreira de êxito na Alemanha (Bayer Leverkusen), Itália (Roma) e Seleção Brasileira. O Inter não confirma — também não nega — que esteja liberando o atleta. Questionado a respeito na terça-feira, Juan desconversou e tratou de tranquilizar o torcedor:
— Nessa época do ano é inevitável as especulações. Ainda mais com quem está com contrato por encerrar. Todos sabem que minha ligação com o Flamengo é muito forte. Mas minha cabeça está nos quatro jogos que o Inter tem no Brasileirão. Quero colocar o Inter onde ele merece. Depois, com calma, vou definir meu futuro.
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Quem conhece Juan não se espanta com o comprometimento. Foi o ex-vice de futebol Luciano Davi que o contratou no meio de 2012. Tratou com Juan no Rio, após receber um convite para ir à casa do jogador. Acertou salários — na casa dos R$ 250 mil —, tempo de contrato e retornou à Capital para esperar seu mais novo reforço. Juan desembarcou no Salgado Filho em julho, estreou em agosto e, em setembro, estava diante da primeira crise no clube: a famosa coletiva de Fernandão após o empate em 2 a 2 diante do Sport, em pleno Beira-Rio.
— Ele me ajudou muito naquele episódio da zona de conforto. Estava chegando, tímido, quase sempre calado, mas puxava os companheiros, especialmente a gurizada, para conversar em particular. Eu fui saber disso muito tempo depois — lembra Davi.
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Essa liderança silenciosa a que Luciano Davi se refere é avalizada pelo ex-diretor de futebol Roberto Melo. O escudeiro de Marcelo Medeiros na gestão passada lembra com amargura da passagem pela Arena Condá e dos gols de Diones (2), Leandro (2) e Camilo no Brasileirão passado.
Segundo Melo, a mobilização do time de Abel Braga para vencer o Fluminense na rodada seguinte passou pela tranquilidade de Juan. Abel teria abraçado os jogadores para a retomada no campeonato e pela continuidade da campanha de Libertadores. A palavra dos mais experientes, Juan entre eles, consolidou o discurso do treinador.
— Juan é uma lenda, é um dos maiores zagueiros da história do Brasil. A frieza dele passa segurança para os jogadores, mas a postura, a conduta e o exemplo “falam” mais alto — resume Melo.